Dra. Neliana Buzi Figlie

VIII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde e III Congresso Internacional de Neuropsicologia e Ciências. Neuropsicologia e Dependencias: Diagnostico e Tratamento. FMUSP, 31/05/2015, São Paulo – SP.

Palestra: Entrevista Motivacional

O surgimento da entrevista motivacional (EM), desde 1983, quando foi lançada, representa uma contribuição efetiva no cenário do tratamento da dependência química, uma vez que revisões recentes atestam sua eficácia.

resitencia-blogEssa técnica, originalmente descrita pelos psicólogos William Miller e Stephen Rollnick tem como objetivo a modificação do comportamento de risco por meio da exploração e resolução da ambivalência dos clientes, quando estes querem e ao mesmo tempo, não querem se comprometer a mudar determinado comportamento.

Inicialmente, em sua primeira edição, a EM concentrava-se em pessoas com problemas relacionados ao álcool e outras drogas. Contudo, logo após a sua primeira publicação, várias outras pesquisas foram realizadas e atualmente é possível encontrar vários ensaios clínicos randomizados sobre a técnica em projeção de ascenção. Percebeu-se, então, que a EM poderia ampliar seu campo de intervenção, sendo encontradas pesquisas sobre traumatismo craniano, saúde cardiovascular, odontologia, diabetes, dietas, transtornos da alimentação e obesidade, família e relacionamentos, jogo patológico, promoção de saúde, dentre outros.

Em sua primeira publicação, em 1985, a EM chama à atenção para os seus princípios, estratégias e armadilhas. Em sua segunda edição, em 2002, os autores propuseram a ideia de que os profissionais compreendessem e trabalhassem o “espírito” da EM, que é descrito como colaborativo, evocativo e com respeito pela autonomia do cliente.

Em 2008, Miller e Rollnick ousam em sua proposta e publicaram “Entrevista Motivacional no Cuidado da Saúde”, ampliando o público-alvo que pode se beneficiar da abordagem. Contudo, após tantas adaptações, os autores ainda pensaram que seriam necessárias mais mudanças para a real compreensão e efetividade da EM e fizeram uma nova publicação em 2013, na qual propuseram significativas mudanças paradigmáticas.

Trata-se de uma evolução no campo das psicoterapias, pois até então vários tipos de tratamento pregavam que só poderiam ajudar o cliente se este desejasse. Nesse contexto, é importante dar-se conta de que a hesitação faz parte da natureza humana e nem todos os clientes estarão preparados, desejosos e habilitados para mudar algum hábito ou comportamento.

Para esses clientes, pouco preparados, desejosos e habilitados para mudar algum comportamento de risco, a EM propõe-se a ajudar a pessoa a resolver sua ambivalência/conflito e desta forma tomar uma decisão que almeje estabilidade emocional.