Dra. Neliana Buzi Figlie

 Os grupos de Entrevista Motivacional (EM) surgiram mais recentemente, e as pesquisas até o momento se basearam no uso de substâncias como “comportamento-alvo”. Os estudos de grupos de EM como única alternativa de  tratamento não são comuns, uma vez que os grupos de EM são um prelúdio para outros tratamentos, o que acaba por limitar as conclusões sobre a eficácia. No entanto, apesar destas limitações, os estudos sugerem que os grupos de EM são promissores.

                Apesar do pequeno número de estudos controlados, as evidências indicam que os grupos de EM podem melhorar o reconhecimento da ambivalência, favorecer a autonomia, aumentar o envolvimento e participação no tratamento. Os grupos de EM podem ser adaptados para evitar alguns dos efeitos iatrogênicos negativos que têm sido a preocupação dos pesquisadores.

·      Os Grupos de EM podem aumentar a autonomia e promover o reconhecimento da ambivalência

Foote et.al. (1999) descobriu que a inclusão de um grupo de EM, aberto e de 04 sessões anteriores ao tratamento usual de abuso de substâncias para pacientes ambulatoriais, aumentou os níveis de autonomia dos seus membros, suas percepções de apoio e o reconhecimento da ambivalência para além do atendimento individual padrão.

·                          Os Grupos de EM podem melhorar a auto eficácia, as intenções comportamentais e a prontidão para a mudança

Um ensaio clínico randomizado evidenciou que três horas de EM acrescida de feedback personalizado com estudantes universitários enviados para tratamento em decorrência de problemas relacionados ao beber reduziu o consumo de álcool  ao aumentar a auto eficácia relacionada à recusa de bebidas em três situações de alto risco: pressão social, estresse emocional e beber oportunista; aumentou a percepção de risco e diminuiu as expectativas positivas relacionadas ao beber (La Chance, 2009).

·      Os Grupos de EM podem melhorar a adesão, frequência e resultado do tratamento

Um estudo não randomizado (Lincourt, et.al.,2002) com homens condenados pela justiça e que não aderiram a nenhum outro tipo de tratamento, revelou um resultado promissor (06 sessões de grupo de EM anteriores ao tratamento ambulatorial de abuso de substâncias). Os participantes do grupo de EM apresentaram uma maior probabilidade de completar o tratamento (56%) do que aqueles em tratamento padrão (32%); faltaram menos às consultas e foram classificados pelos terapeutas subsequentes como mais bem-sucedidos na conclusão dos objetivos do tratamento.

·      Os Grupos de EM podem aumentar a participação no pós-tratamento

Um estudo não randomizado comparou um grupo de EM (2 sessões) com pacientes internados, à um grupo controle que discutiu sobre os problemas da vida (Santa Ana et al., 2007). Os participantes do grupo de EM frequentaram duas vezes mais os encontros pós-tratamento se comparados ao grupo controle. Os pesquisadores integraram o espírito da EM, as técnicas de comunicação PARR e estratégias da EM (explorar e normalizar a ambivalência; escala de importância; explorar a confiança, valores e forças). Os participantes do grupo de EM também traçaram diretrizes para encorajar os membros a participarem e evitarem a argumentação.

·      Os Grupos de EM podem promover o reconhecimento de problemas

      Beadnell (2012)avaliou um grupo de aprimoramento motivacional (16 horas – PRIME for life), o seu impacto sobre a intenção de beber, reconhecimento dos riscos e reconhecimento dos problemas. O grupo participante do PRIME foi comparado à pacientes que estavam em tratamento padrão. As intervenções foram realizadas em pequenos grupos que participavam do programa de Educação em Álcool e Drogas do departamento de trânsito, que normalmente ocorre em duas sessões de 8 horas. O estudo revelou que o grupo motivacional apresentou mais resultados positivos: melhor reconhecimento dos problemas, melhor percepção dos riscos e uma avaliação positiva nos tratamentos associados.

Referência: Motivational Interviewing in Groups

Wagner Ingersol