Dra. Neliana Buzi Figlie

ETM Arte rosa - sobre etm

A EM não reconhece que haja um ser humano que esteja desmotivado; ao contrário, ele está sempre motivado. As pessoas estão motivadas para buscarem recursos para suprirem suas necessidades mais básicas. E buscam não somente a realização da necessidade propriamente dita, como também a satisfação nesta realização, como comer uma comida gostosa e dormir em uma cama quentinha e confortável. E ainda assim, quando todas estas necessidades são satisfeitas, o ser humano se motiva para a realização de necessidades mais elevadas. A pirâmide de Maslow que divide as necessidades humanas em níveis hierárquicos ilustra muito bem esta perspectiva. Porém, nem sempre temos claramente traçados quais são os nossos valores a serem preservados e objetivos a serem alcançados, ainda que eles sempre existam. Desta forma, para que haja a realização destas motivações intrínsecas, é necessário que o ser humano minimamente os reconheça e os identifique. O trabalho em prol deste reconhecimento traz valiosos recursos para que o cliente possa começar a construir o seu projeto de vida.

A EM se propõe a auxiliar neste processo, por reconhecer tratar-se de uma valiosa oportunidade de construir e fortalecer a aliança terapêutica com o cliente. O cliente se sente reconhecido, valorizado e motivado, quando o profissional se dispõe a identificar junto com ele, seus potenciais humanos únicos. Esta construção permite ainda, mais um recurso para a resolução da ambivalência, uma vez que a reflexão sobre os valores da vida do cliente, permite que ele possa demonstrar a discrepância entre a pessoa que ele gostaria de ser e a pessoa que ele tem sido até o presente momento. Esta situação, por sua vez, traz matéria-prima de trabalho para o profissional. Vale ressaltar, contudo, que a reflexão destes valores se dá a partir daquilo que é importante para o próprio cliente e em nenhum momento o referencial de valores do profissional tem espaço. Assim, o profissional deve fazer um auto-monitoramento constante para não cair em armadilhas que possam confrontar o cliente em valores que são opostos aos seus, ou induzi-lo a pensar em ter como metas ações que sejam, na verdade, objetivos a serem alcançados pelo próprio profissional.

 

Referência: Miller, W. R.; Rollnick, S. Motivational Interview – helping people change. 3. ed. New York: The Guilford Press, 2013.