Dra. Neliana Buzi Figlie

É possível ao mesmo tempo amar e odiar, querer ir e querer ficar, sentir alegria e tristeza – nossa mente funciona em termos bem mais complexos do que “isto ou aquilo”. Partindo dessa premissa, o renomado psicólogo William R. Miller – um dos mais importantes especialistas na ciência da mudança – apresenta, neste livro revelador e recheado de exemplos da vida cotidiana e da literatura, uma nova perspectiva sobre a ambivalência e seu potencial transformador.

A ambivalência é nossa companheira constante. Pode ser considerada um incômodo e algo que deve ser evitado, mas é praticamente inevitável quando inúmeras escolhas fazem parte da vida diária. Miller propõe pensar na ambivalência como uma virtude.

A ambivalência é considerada a ancora conceitual ou a questão central abordada na EM — querer e não querer algo ao mesmo tempo. Acontece que a ambivalência é uma chave não apenas no tratamento de adições, mas em muitas outras esferas profissionais. A EM rapidamente se espalhou para os cuidados em saúde e o gerenciamento de problemas médicos crônicos, como diabetes e hipertensão arterial. Logo começou a ser aplicada em psicoterapia, serviço social, serviços de detenção, odontologia, educação, esportes e liderança. Ela se espalhou pelo mundo, agora sendo ensinada e praticada em pelo menos sessenta idiomas, em seis continentes e estudada em mais de 1.600 ensaios clínicos.

O motivo para essa disseminação: a  EM toca em algo fundamental sobre a natureza humana. A ambivalência é, de fato, uma experiência humana universal. Como criaturas complexas na sociedade da informação, experimentamos motivações múltiplas e frequentemente conflitantes. A ambivalência está sempre conosco, e as grandes e as pequenas escolhas que fazemos diante dela moldam quem somos como indivíduos e como povo.

A ambivalência não é e nem pode ser algo que se possa evitar. É da condição humana que a experiência diária envolva motivos conflitantes, individual e coletivamente, e que o que você escolhe fazer seja importante. Isso nem sempre precisa ser resolvido; às vezes, você decide equilibrar e conviver com os aparentes opostos. No entanto, algumas das escolhas mais importantes da vida são feitas em meio à ambivalência, o lar no qual o caráter é forjado. Ser mais consciente de sua própria ambivalência é um caminho para se conhecer melhor e ser mais intencional em como você responde a ela.

Referência:

Miller, W. Pensando melhor… Como a ambivalência molda sua vida. Porto Alegre: Artmed, 2024.

Maiores informações: https://loja.grupoa.com.br/pensando-melhor9786558821472-p1021529

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