Uma experiência interna comum de ambivalência é ouvir o debate interno por um tempo: você pensa em uma razão para fazer uma mudança, e pensa em um contra-argumento do tipo “sim, mas…”. Depois de uma ou duas rodadas disso, você para de pensar nisso porque é desagradável, confuso ou perturbador. Esse ciclo pode durar anos. Esperanças e medos, raiva e vergonha, paixão e lógica, todos colidindo-se como pedras preciosas brutas em um copo de pedra, gradualmente desgastando umas às outras.
Um motivo ou uma motivação é literalmente algo que move você. Aumenta ou diminui sua tendência de realizar determinada ação. Nesse sentido, um motivo empurra você para perto ou para longe de um objeto ou de uma ação. As motivações positivas te levam a buscar, abordar, explorar, considerar, ser aberto ou curioso. Os motivos negativos te levam você a parar, evitar, fugir, resistir, se opor, desaprovar ou rejeitar.
As motivações vêm de muitas formas diferentes. Eles podem ser:
- uma emoção como raiva, medo, felicidade ou tristeza;
- um pensamento momentâneo: “Eu poderia parar para tomar um drink depois do trabalho”;
- novas informações;
- uma sensação física, como dor, fome ou fadiga;
- uma crença: “Eu deveria estar disposto a ajudar alguém que pede minha ajuda”;
- um valor profundamente enraizado: “Meu principal objetivo na vida é ganhar dinheiro”.
Desnecessário dizer que as motivações positivas e negativas podem ocorrer e de fato ocorrem simultaneamente. Neste sentido é importante avaliar pros e contras e fazer uma opção para não estagnar sua vida ou impactar negativamente sua saúde mental. A tentação, procrastinação e o adoecimento são as consequências negativas da ambivalência. Já a superação, a aceitação, a flexibilidade e a mudança fazem parte das forças da ambivalência que impulsionam as pessoas para o empoderamento e crescimento.
Referência:
Pensando melhor… Como a ambivalência molda sua vida. Miller, W. Porto Alegre: Artmed, 2024.