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Uma segunda razão pela qual a entrevista motivacional se encaixa no jogo patológico é a observação de que a recuperação dos problemas de jogo sem tratamento (ou seja, a recuperação natural) é comum. A existência de recuperação autodirigida é consistente com a noção de que a motivação é crucial no processo de mudança. Entrevistas com jogadores patológicos recuperados confirmam que os fatores cognitivo-motivacionais são percebidos como primários na manutenção da abstinência do jogo.
Assim como muitos transtornos de saúde mental, as médias de procura de tratamento são baixas quando comparadas às estimativas de prevalência das pessoas que sofrem do transtorno. Menos de 10% dos jogadores com problemas nos Estados Unidos procuram tratamentos disponíveis. Na medida em que a baixa procura do tratamento está relacionada à motivação e à falta de acesso, duas soluções potenciais são utilizadas para aumentar a motivação dos indivíduos em procurar tratamento formal e ampliar as opções, oferecendo tipos de tratamento mais acessíveis.
Uma terceira aplicação da entrevista motivacional para o tratamento do jogo patológico refere-se à adesão ao tratamento. Taxas de desistência em ensaios clínicos psicossociais e farmacológicos são inaceitavelmente altas. As intervenções com melhor adesão incluíram reforço escrito e verbal uma vez que estimulavam uma sensação de otimismo e autoeficácia bem como o fornecimento de feedback em resultados de avaliação, o uso regular de exercícios de balança decisória entre as sessões e a discussão das barreiras para o envolvimento no tratamento. Várias dessas estratégias foram adaptadas a partir da literatura da entrevista motivacional, proporcionando um aumento significativo na conclusão do tratamento e modificação do comportamento de risco.
Referência:
Entrevista Motivacional no Tratamento de Problemas Psicológicos. Hal Arkowitz; Henny A. Westra; William Miller; Stephen Rollnick. São Paulo: Roca, 2011.