Trata-se de um tratamento em grupo estruturado em quatro sessões. O alicerce dessa intervenção é o Modelo Transteórico dos Estágios da Mudança com a aplicação direta da entrevista motivacional. A abordagem geral é consistente com a entrevista motivacional porque o coordenador do grupo responde à resistência do paciente com empatia e não com confrontação. As quatro sessões envolvem identificação dos problemas potenciais não reconhecidos, psicoeducacão acerca do desenvolvimento de um estilo cognitivo que estimule assumir a responsabilidade pelo enfrentamento adaptativo, uso da balança decisória e comparação de normas para aumentar o reconhecimento do problema e a motivação para a mudança, bem como a identificação dos bloqueios cognitivos e emocionais para reconhecer os problemas e mudar o enfrentamento mal adaptativo.
O protocolo do GRM consiste em quatro módulos de 90min (sendo cada módulo conduzido em uma sessão) envolvendo o uso das habilidades para tomada de decisão, a fim de ajudar os pacientes a reconhecerem a necessidade de mudar quaisquer problemas não reconhecidos relacionados ao TEPT. A implementação do GRM é melhor com oito pacientes e um ou dois coordenadores de grupo. Os líderes trabalham a partir de um manual com roteiro detalhado e os pacientes usam um livro de exercícios que contém uma introdução explanatória. O formato de cada módulo/sessão contém formulários de atividades terapêuticas e exemplos.
A primeira sessão é a parte inicial das sessões subsequentes, que consiste em uma revisão do objetivo, dos fundamentos e das metas especificas do grupo, apresentados em forma de perguntas e respostas em que os coordenadores fazem perguntas e convidam os participantes a responderem. Esse formato é utilizado como técnica de ensaio cognitivo, na qual os pacientes devem estar aptos a dar a resposta apropriada mais rapidamente ao fim das quatro sessões e, desse modo, recordar e entender mais facilmente a finalidade de participar do grupo. A repetição foi necessária em virtude da frequência e extensão das deficiências cognitivas e de memória nos pacientes. Existem inúmeras causas para essas deficiências, incluindo abuso de substâncias, problemas com o sono, danos cerebrais. depressão e problemas de atenção e concentração que são, em si, sintomas do TEPT.
Os fundamentos do GRM residem em que o maior reconhecimento da necessidade de mudar os sintomas específicos do TEPT e outros problemas associados ocasionará maior adesão e melhor resultado do tratamento, pois os pacientes perceberão as habilidades de enfrentamento aprendidas no tratamento como mais relevantes para eles. De certa maneira, o objetivo é prevenir a recaída para os sintomas do TEPT e problemas relacionados. Como explicado aos pacientes, o objetivo do grupo é ajudá-los a não se sentirem “fragilizados” por problemas não reconhecidos depois do tratamento. No jargão do grupo, os problemas não identificados são chamados de “pontos fracos”.
A parte essencial da intervenção: o levantamento dos possíveis problemas não reconhecidos, ocorre nessa primeira sessão. Os pacientes elaboram uma lista de comportamentos ou pontos de vista que podem representar um problema para eles, chamados de problemas que eles “poderiam ter”. Os participantes utilizam ferramentas de tomada de decisão pensadas nas sessões subsequentes do GRM para ajudá-los a decidir se esses problemas que eles “poderiam ter” são, de fato, problemas que eles realmente têm.
As sessões 2, 3 e 4 fornecem ferramentas e atividades especificas para decidir se um possível problema não reconhecido (que “poderia ter”) é realmente um problema ou não. A sessão 2 utiliza a balança decisória. A sessão 3 consiste em um exercício de comparação com as taxas da população geral. A sessão 4 visa identificar bloqueios cognitivos e emocionais para determinar os problemas não reconhecidos. A tarefa de casa é dada após cada uma das três primeiras sessões, incluindo leitura para preparação para a próxima sessão e complemento das atividades de tomada de decisão da sessão.
Referência:
Entrevista Motivacional no Tratamento de Problemas Psicológicos. Hal Arkowitz; Henny A. Westra; William Miller; Stephen Rollnick. São Paulo: Roca, 2011.