Dra. Neliana Buzi Figlie

Os jovens sempre irão interagir com pessoas que estarão preocupadas com sua saúde e integridade. Estas pessoas, na maioria das vezes, não serão especialistas no Transtorno por Uso de Substâncias, mas por outro lado, sabemos que pessoas com pouco ou nenhum conhecimento na área podem impactar positivamente a vida destes jovens. Daí a importância do profissional, seja no contexto da educação, saúde, empresarial, social ou da justiça atentar-se a postura e a maneira de acolher a pessoa, que involuntariamente ou por procura espontânea, procura ajuda: o que varia é a forma de se expressar.

A questão é como causar este impacto positivo?

Não é uma pergunta simples de ser respondida, mas a forma pode ser fácil desde que saibamos ouvir e expressar real aceitação e preocupação com a pessoa que está a nossa frente, ao valorizar suas potencialidades, apoiar sua autonomia e enfatizar seus valores.

Como realizar uma conversa colaborativa e efetiva?

O pré-requisito inicial é uma parceria sólida e colaborativa entre o jovem e o profissional. Sem esta parceria a conversa será breve ou superficial. Conforme adentra a relação, esta parceria segue como essencial, pois permite expandir o foco da conversa. Se você começar com um conselho, dificilmente os jovens seguirão de forma consistente as suas sugestões.

O importante é que o profissional seja um bom guia e como tal, necessita reunir muitas das habilidades como escuta empática e reflexiva, realizar poucas perguntas e quando fazê-las dar preferência as perguntas abertas, fazer reforços positivos sobre as falas de mudança e resumos com as informações da conversa.

No uso de substâncias, falamos em fatores de risco e fatores de proteção que podem definir o uso ou a abstinência de substâncias. Existem vários domínios: escola, família, pessoa, comunidade. Entre os fatores de risco que podem incentivar o uso de drogas dentro de uma família estão o divórcio, a alienação parental, situações de agressividade e violência, disponibilidade de substâncias, entre outros. Já a proteção pode ser feita com mais diálogo em casa, demonstração de interesse dos pais pelos filhos, e a adoção pela família de hábitos saudáveis em relação ao uso de substâncias.

O “Oráculo de Prevenção: Guia Prático”, da Editora Artesã, é um jogo interativo, composto por um livro de 191 páginas e um baralho com 103 cartas, que tem como proposta estabelecer, num primeiro momento, um ambiente para que sejam conversados de forma leve e lúdica diversos assuntos relacionados à prevenção às drogas. As cartas com os fatores de risco e proteção estão divididas em 04 grupos: Escola; Família; Indivíduo; Rede de Pares e Comunidade.

O jogo pode ser desenvolvido em diversos serviços: escolas, consultórios, clínicas de atenção ao usuário de substâncias e familiares, serviços de atenção à comunidade, CAPS-AD, CREAS, comunidades terapêuticas, instituições religiosas, dentre outros. O jogo pode também ser desenvolvido entre pais e filhos, a fim de proporcionar um ambiente lúdico que fomenta o diálogo e a revisão de crenças, baseado no referencial da Entrevista Motivacional.

Referência:

Guimarães, LP; Figlie, NB. Oráculo da Prevenção: guia prático (2018) 1ª edição. Belo Horizonte: Ed. Artesã. ISBN 978-85-88009-92-9.

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