Dra. Neliana Buzi Figlie

Com a identificação do uso nocivo de álcool e/ou outras substâncias, bem como problemas relacionados, o caminho de identificar as preocupações da pessoa em relação ao consumo, partilhar e explorar preocupações se faz fundamental para a modificação do comportamento de risco e plantar as sementes da mudança

.

A seguir, conheça algumas perguntas evocativas para explorar as preocupações neste contexto:

  • “Me conte sobre alguma preocupação  ou dificuldade em relação ao seu consumo (álcool e/ou outras substâncias)?”
  • “Quais são as coisas boas (vantagens/pontos positivos)  que você vê no consumo (álcool e/ou outras substâncias)?”
  • “Quais são as coisas não tão boas (desvantagens/pontos negativos) no consumo (álcool e/ou outras substâncias)?”

O ponto central da sessão envolve explorar rapidamente as preocupações a respeito do consumo de substâncias, as dificuldades vividas, além das vantagens do uso com o objetivo de chegar a um equilíbrio decisional. É válido explorar outras preocupações, como tabagismo, depressão, problemas acadêmicos ou profissionais e outras dificuldades comuns em decorrência do uso.

Evite expressões como: “você deve…”, “você deveria…”, que são expressões imperativas, prescritivas, muitas vezes autoritárias, e que podem produzir resistência à mudança.

Uma boa estrutura para aconselhar é o que se chama de POP (Pedir – Oferecer – Perguntar).

Nesta técnica, a primeira etapa envolve pedir permissão para conhecer a realidade da pessoa, o que ela conhece sobre o tema . Desta forma o profissional consegue levantar  informações, dúvidas, preocupações que a pessoa tenha a respeito do seu comportamento.

Veja a seguir um exemplo:

  • (P) Pedir permissão para estimular a prontidão para a mudança: “Se você me permite, gostaria de saber o que você conhece sobre os efeitos do álcool ou  o impacto que o consumo de bebidas alcoólicas tem na sua vida…”

Em seguida, o profissional passa a oferecer orientações e aconselhar.

  • (O) Oferecer informações claras pautadas na realidade da pessoa, sem jargões, de forma clara , pragmática e objetiva: “Os resultados dos seus testes/exames sugerem que…”; “Como seu médico, professor, terapeuta, eu me preocupo com… ”

Por fim , o profissional questiona sobre o que a pessoa gostaria de fazer a respeito do seu comportamento (perguntar), de modo que o profissional tenha uma percepção clara do resultado da intervenção.

  • (P) Perguntar os pontos de vista, pensamentos, reflexões: “É importante para mim saber o que você pensa a esse respeito?”, “Quais são as opções que você considera?”,

Neste contexto, o Oráculo da Prevenção é uma ferramenta para trabalhar mudanças comportamentais relacionadas ao uso de substâncias.

É necessário sempre pedir permissão para oferecer informações e orientações. Seja breve, dê opções e, se houver oportunidade, contribua para que um plano de ação seja implementado.

Conheça mais algumas questões:

  • “Gostaria de dividir com você algumas estratégias que as pessoas costumam utilizar em situações como a sua (reduzir consumo, evitar situações de risco)”.
  • “O que você pensa em fazer a esse respeito?”,
  • “Posso lhe ajudar de alguma forma?”

A estrutura POP  inverte a hierarquia na relação profissional e cliente: o cliente  passa a ser a figura central durante a conversa e o que ele pensa e fala é valorizado e validado juntamente com a percepção do profissional.

Referência:

Borges, MAA; Vilela, TR; Albuquerque, MTM. Como intervir para motivar: Aconselhamento Individual Breve. In: Guimarães, LP; Figlie, NB. Oráculo da Prevenção: guia prático (2018) 1ª edição. Belo Horizonte: Ed. Artesã. ISBN 978-85-88009-92-9.

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