Com a identificação do uso nocivo de álcool e/ou outras substâncias, bem como problemas relacionados, o caminho de identificar as preocupações da pessoa em relação ao consumo, partilhar e explorar preocupações se faz fundamental para a modificação do comportamento de risco e plantar as sementes da mudança
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A seguir, conheça algumas perguntas evocativas para explorar as preocupações neste contexto:
- “Me conte sobre alguma preocupação ou dificuldade em relação ao seu consumo (álcool e/ou outras substâncias)?”
- “Quais são as coisas boas (vantagens/pontos positivos) que você vê no consumo (álcool e/ou outras substâncias)?”
- “Quais são as coisas não tão boas (desvantagens/pontos negativos) no consumo (álcool e/ou outras substâncias)?”
O ponto central da sessão envolve explorar rapidamente as preocupações a respeito do consumo de substâncias, as dificuldades vividas, além das vantagens do uso com o objetivo de chegar a um equilíbrio decisional. É válido explorar outras preocupações, como tabagismo, depressão, problemas acadêmicos ou profissionais e outras dificuldades comuns em decorrência do uso.
Evite expressões como: “você deve…”, “você deveria…”, que são expressões imperativas, prescritivas, muitas vezes autoritárias, e que podem produzir resistência à mudança.
Uma boa estrutura para aconselhar é o que se chama de POP (Pedir – Oferecer – Perguntar).
Nesta técnica, a primeira etapa envolve pedir permissão para conhecer a realidade da pessoa, o que ela conhece sobre o tema . Desta forma o profissional consegue levantar informações, dúvidas, preocupações que a pessoa tenha a respeito do seu comportamento.
Veja a seguir um exemplo:
- (P) Pedir permissão para estimular a prontidão para a mudança: “Se você me permite, gostaria de saber o que você conhece sobre os efeitos do álcool ou o impacto que o consumo de bebidas alcoólicas tem na sua vida…”
Em seguida, o profissional passa a oferecer orientações e aconselhar.
- (O) Oferecer informações claras pautadas na realidade da pessoa, sem jargões, de forma clara , pragmática e objetiva: “Os resultados dos seus testes/exames sugerem que…”; “Como seu médico, professor, terapeuta, eu me preocupo com… ”
Por fim , o profissional questiona sobre o que a pessoa gostaria de fazer a respeito do seu comportamento (perguntar), de modo que o profissional tenha uma percepção clara do resultado da intervenção.
- (P) Perguntar os pontos de vista, pensamentos, reflexões: “É importante para mim saber o que você pensa a esse respeito?”, “Quais são as opções que você considera?”,
Neste contexto, o Oráculo da Prevenção é uma ferramenta para trabalhar mudanças comportamentais relacionadas ao uso de substâncias.
É necessário sempre pedir permissão para oferecer informações e orientações. Seja breve, dê opções e, se houver oportunidade, contribua para que um plano de ação seja implementado.
Conheça mais algumas questões:
- “Gostaria de dividir com você algumas estratégias que as pessoas costumam utilizar em situações como a sua (reduzir consumo, evitar situações de risco)”.
- “O que você pensa em fazer a esse respeito?”,
- “Posso lhe ajudar de alguma forma?”
A estrutura POP inverte a hierarquia na relação profissional e cliente: o cliente passa a ser a figura central durante a conversa e o que ele pensa e fala é valorizado e validado juntamente com a percepção do profissional.
Referência:
Borges, MAA; Vilela, TR; Albuquerque, MTM. Como intervir para motivar: Aconselhamento Individual Breve. In: Guimarães, LP; Figlie, NB. Oráculo da Prevenção: guia prático (2018) 1ª edição. Belo Horizonte: Ed. Artesã. ISBN 978-85-88009-92-9.