Dra. Neliana Buzi Figlie

Em uma perspectiva histórica, o termo empatia vem da palavra grega empatheia, que implica uma apreciação ativa da experiência emocional da outra pessoa. Na virada do século, Lipps, em seus escritos sobre percepção e apreciação estética, introduziu o termo “Einfühlung”, que significa, em alemão, “sentir-se a si próprio em”.

Para Lipps, ao apreciar a beleza ou a estranheza de uma obra de arte, o indivíduo necessariamente projeta-se naquele objeto e inicia um processo de identificação e imitação interna dele. Mais tarde, esse autor acaba por expandir a sua ideia de projeção e imitação para a interação com outras pessoas, mas mantém a noção de fusão do observador com o objeto.

No âmbito mais específico da psicologia, foi Titchener quem trouxe a palavra “empatia”, a qual definiu como o ” processo de humanização dos objetos, de ler ou sentir-nos a nós próprios nesses objetos”.

Tanto o conceito de Lipps como o de Titchener enfatizavam, nesse processo, os aspectos emocionais e a imersão do observador no encontro com o objeto. Esses conceitos coincidem, de certa forma, com o que alguns índios norte-americanos chamavam de “caminhar no moccasins do outro”, ou seja, experienciar o que o outro experiencia, sentir o que o outro sente.

Foi só mais tarde, com o trabalho do filósofo e psicólogo pragmático estadunidense George Mead,  que foi introduzido no conceito de empatia uma dimensão cognitiva. Hoje, essa dimensão é contemplada em maior ou menor grau, na maioria das definições de empatia encontradas na literatura.

Dessa forma, o termo “empatia” passou a englobar também a “habilidade de compreender o outro no contexto em que ele se encontra. Houve uma separação entre o eu e o outro, o que quer dizer que há um observador externo que tenta compreender o outro, apesar de, temporariamente, conseguir colocar-se no lugar do observado.

Tipos de Empatia

A empatia encontra algumas definições diversificadas. Parece, entretanto, haver certo consenso de que essa é uma habilidade interpessoal que engloba várias facetas verbais e não verbais. Parece, também, haver alguma concordância na literatura de que a empatia pode ser dividida em três tipos: afetiva, cognitiva e comportamental.

  • Empatia afetiva ou emocional:  seria identificada por sentimentos de compaixão e simpatia pela outra pessoa, além de preocupação com o seu bem-estar. Aqui  se inclui a congruência de humor, vivenciar o que a pessoa vive, sentir o que sente.
  • Empatia cognitiva: caracteriza se pela capacidade de compreender, acuradamente, sentimentos e perspectivas de outra pessoa, entender seu ponto de vista e emoções.
  • Empatia comportamental: consiste na exteriorização do entendimento dos sentimentos e da perspectiva da outra pessoa, de tal maneira que ela se sinta compreendida; está intimamente ligada com a comunicação daquilo que se vivencia.

Resumidamente, segundo Del Prette e Del Prette, os três tipos de empatia (afetiva, cognitiva e comportamental) consistem em experimentar a emoção do outro, mantendo a distância emocional necessária, adotar o ponto de vista do interlocutor e expressar compreensão, respectivamente.

Ekman sugere um novo tipo: a empatia compassiva, e retira a empatia comportamental desse rol. Segundo ele, com a empatia cognitiva, é possível reconhecer o que o outro está sentindo; com a empatia afetiva, pode-se sentir o que o outro sente; e com a empatia compassiva, é possível sentir o impulso de ajudar o outro a lidar com a situação e com suas emoções. A empatia cognitiva é necessária para sentir os outros tipos de empatia, no entanto, não é preciso utilizar a empatia afetiva para sentir a empatia compassiva, segundo o autor.

Neste contexto, sob o olhar da Entrevista Motivacional, quando o profissional atua com o espirito  PACE (Parceria – Aceitação – Compaixão – Empoderamento) se vale da empatia compassiva para empoderar a pessoa a resolver sua ambivalência, estimulando sua autonomia e empoderamento na mudança necessária.

Referência:

Svacina, M.A.; Lopes, R.T.,; Ribeiro, E.M. Papel da empatia no atendimento clínico.  In: PROPSICO 5, vol 3, pp111 – 144, Porto Alegre: ARTMED, 2021. 

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