A empatia se mostra parte fundamental do atendimento clínico, resultando em relações mais satisfatórias entre profissional e paciente. Profissionais podem ou não ter facilidade em se colocar no lugar do outro, mas podem aprender técnicas de manejo no atendimento e desenvolver a empatia, em especial, a cognitiva, o que permite identificar o que e como o paciente está se sentindo, diminuindo a resistência do paciente e formando um círculo virtuoso. Assim, a prática psicológica demanda o emprego da empatização, que consiste não só em identificar, mas em reagir adequadamente ao que é trazido pelo paciente. Isso sem esquecer a sistematização dos procedimentos que abrangem teorias e técnicas aplicadas na prática clínica.
Nem sempre a percepção da utilização da empatia na prática parece corresponder exatamente ao que imagina o terapeuta, podendo ser mais bem avaliada pelos seus pacientes e pares. Por isso, é importante levar em consideração o que é e o que não é esperado pelos pacientes. Exemplo: comportamento empático do terapeuta a atenção e escuta ativa do paciente, contrapondo-se a interrupções de suas falas e colocações da visão de mundo do profissional.
Além disso, a congruência entre a comunicação verbal e não verbal, como olhar ou não nos olhos, assentir ou não com a cabeça, demonstrar ou não impaciência, também foram mencionados pelos pacientes. E, do mesmo modo como o terapeuta é avaliado pelo paciente, deve também perceber e avaliar os sinais verbais e não verbais demonstrados por ele. Esses são cruciais para entender se há ou não congruência entre discurso e comportamento do paciente, como o paciente está se sentindo e qual é a melhor forma de reagir aos seus sinais.
Os objetivos do profissional incluem provocar no paciente a melhora ou remissão dos seus sintomas, progresso nas suas relações interpessoais, autoconhecimento, autoaceitação e na sua qualidade de vida em geral. Para que isso aconteça, o ideal é que todos esses objetivos sejam também objetivos pessoais do profissional, na sua vida além da prática clínica. Vale destacar a importância extrema da empatia no atendimento clínico a distância, uma vez as tecnologias serão cada vez mais inseridas à prática, e a questão da empatia requer ser revista e integrada ao seu uso.
Referência:
Svacina, M.A.; Lopes, R.T.,; Ribeiro, E.M. Papel da empatia no atendimento clínico. In: PRPSICO 5, vol 3, pp111 – 144, Porto Alegre: ARTMED, 2024.