Dra. Neliana Buzi Figlie

Na maioria das vezes a pessoa que procura um tratamento com um profissional de saúde traz a crença de que a hora que quiser eu paro;  que já tentou tantas vezes e que não vai conseguir; que usar ou beber um pouco, não fará mal, entre outras crenças.

A entrevista motivacional (EM) é um estilo de aconselhamento utilizado  em diversas áreas da saúde, social, educação e judiciária que almeja promoção de  mudanças comportamentais. Por meio de uma conversa colaborativa, que envolve parceria, aceitação, compaixão o profissional evoca as motivações intrínsecas do cliente que o levam a manter um consumo de substancias, bem como aqueles que procuram ajuda para interromper o consumo.

O passo inicial é a aceitação da realidade e envolvimento na tomada de decisões:   Não se assuste se descobrir que você está em situações extremas, pois nem tudo é só preto ou só branco, existem situações que podem ser mudadas e só dependem de você. Lembre-se que existem muitas pessoas que estão divididas (querem parar porque estão com problemas financeiros, mas querem continuar bebendo porque a bebida lhe dá mais prazer na vida, por exemplo). Se faz necessário  avaliar os dois lados da questão e descrever as vantagens e desvantagens entre parar e continuar com o uso.

O profissional deve encorajar e conduzir o trabalho de modo que a pessoa inicialmente se engaje no tratamento e para tal, essa deve estabelecer um foco claro com relação a mudança que almeja realizar, para posteriormente o profissional trabalhar a evocação de seus valores, motivos, desejos e habilidades para a realização da mudança. Por fim, profissional e cliente realizam juntos o planejamento da intervenção focado na mudança de comportamento possível e viável para a pessoa diante das condições no seu momento presente.

Neste contexto, se faz necessário compreender a ambivalência como a percepção do cliente sobre a importância que ele atribui à mudança, bem como quão confiante se sente para a realização dessa mudança.  Um método simples para avaliar a importância e a confiança é a escala de disposição.

 

Escala de Disposição

Quão importante é para você realizar esta mudança? Em uma escala de 0 a 10, sendo o 0 não importante e o 10 extremamente importante, que nota você se daria?

                                 0…1…2…3…4…5…6…7…8…9…10

Sem importância                                                              Muito importante

 

Quão confiante você se sente para realizar esta mudança? Em uma escala de 0 a 10, sendo o 0 sem confiança e o 10 muito confiante, que nota você se daria?

                           0…1…2…3…4…5…6…7…8…9…10

Sem confiança                                                   Muito confiante

 

Ao profissional compete compreender os diferentes perfis dos clientes de acordo com a importância e com a confiança que sentem em relação a sua mudança.

Grupo A – Baixa importância e confiança Grupo B – Baixa importância e alta confiança
Os indivíduos não veem como importante ou não acreditam que podem ter sucesso se tentarem mudar. Os indivíduos mostram-se confiantes para a realização da mudança e não visualizam sua importância.
Grupo C – Alta importância e baixa confiança Grupo D – Altas importância e confiança
Essas pessoas não desejam mudar porque não se acham em condições de fazê-lo. Estas pessoas acham a mudança importante e acreditam que podem ter sucesso na realização dela.

 

Os perfis A,B e C são aqueles que mais se beneficiarão da ETM.

 

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