Contexto: A entrevista motivacional (EM) aprimorada com técnicas de mudança de comportamento (BCTs) e implantada por profissionais de saúde em casos com múltiplos fatores de risco para doenças cardiovasculares (DCV) pode ser mais eficaz do que as intervenções que visam um único fator de risco.
Objetivos: Avaliar eficácia clínica e custo-efetividade de uma intervenção em entrevista motivacional aprimorada para o estilo de vida em pacientes com alto risco de DCV em formato grupal X individual e cuidados habituais (UC) na redução de peso e aumento da atividade física (AF) foram testados.
Projeto: Ensaio clínico controlado e randomizado, duplo-cego, de três modalidades.
Amostra: Um total de 135 serviços de cuidado primário de saúde em todos os 12 Grupos de Comissionamento Clínico do Sul de Londres foram recrutados.
Participantes: Um total de 1.742 participantes com idades entre 40 e 74 anos com risco ≥ 20,0% de um evento cardiovascular nos 10 anos seguintes foram randomizados.
Intervenções: A intervenção foi projetada para integrar a EM e terapia cognitivo-comportamental (TCC), ministrada por facilitadores de estilo de vida saudável treinados em 10 sessões ao longo de 1 ano, em grupo ou em formato individual. O grupo controle recebeu UC clássicos.
Randomização: Randomização simples foi usada em blocos gerados por computador. Em cada bloco, 10 participantes foram randomizados para a intervenção grupal, individual ou UC em uma proporção de 4:3:3. Os pesquisadores estavam cegos na alocação.
Principais medidas de resultado: Os desfechos primários foram alteração no peso (kg) e alteração na PA (número médio de passos por dia durante 1 semana) desde o início no seguimento de 24 meses, com um acompanhamento intermediário em 12 meses. Uma avaliação econômica estimou o custo-efetividade relativo de cada intervenção. Os desfechos secundários incluem alterações no colesterol de lipoproteína de baixa densidade e no escore de risco de DCV.
Resultados: A média de idade dos participantes foi de 69,75 anos (desvio padrão 4,11 anos), 85,5% eram do sexo masculino e 89,4% eram brancos. No acompanhamento de 24 meses, as modalidades de intervenção em grupo e individual não foram mais eficazes do que UC no aumento da PA [média de 70,05 passos, intervalo de confiança (IC) de 95% -288 a 147,9 passos e média de 7,24 passos, IC de 95% -224,01 a 238,5 passos, respectivamente] ou na redução de peso (média -0,03 kg, IC 95% -0,49 a 0,44 kg e média -0,42 kg, IC 95% -0,93 a 0,09 kg, respectivamente). No acompanhamento de 12 meses, as modalidades de intervenção em grupo e individual não foram mais eficazes do que UC no aumento da PA (média de 131,1 passos, 95% CI -85,28 a 347,48 passos e média de 210,22 passos, 95% CI -19,46 a 439,91 passos, respectivamente), mas houve reduções de peso no grupo e na intervenção individual em comparação com UC (média -0,52 kg, 95% CI -0,90 a -0,13 kg e média -0,55 kg, 95% CI -0,95 a – 0,14 kg, respectivamente). A intervenção em grupo não foi mais eficaz do que o a intervenção individual na melhoria dos resultados em qualquer ponto de acompanhamento. As intervenções em grupo e individuais não foram custo-efetivas.
Conclusões: A EM aprimorado, em grupos ou formatos individuais, direcionado a membros da população em geral com alto risco de DCV, não foi eficaz no aumento da AF em comparação com a CU. Estudos futuros devem se concentrar em garantir evidências objetivas de alta competência em BCTs aprimorada com EM, identificando aqueles com fatores modificáveis para risco de DCV e melhorando o envolvimento de pacientes e cuidados primários.
Referência:
Ismail K, Stahl D, Bayley A, Twist K, Stewart K, Ridge K, Britneff E, Ashworth M, de Zoysa N, Rundle J, Cook D, Whincup P, Treasure J, McCrone P, Greenough A, Winkley K. Enhanced motivational interviewing for reducing weight and increasing physical activity in adults with high cardiovascular risk: the MOVE IT three-arm RCT. Health Technol Assess. 2019 Dec;23(69):1-144. doi: 10.3310/hta23690. PMID: 31858966; PMCID: PMC6943381.