A ambivalência é ricamente refletida no que dizemos quando falamos conosco ou com os outros. Pelo menos ao ser honesto, as palavras refletem motivações subjacentes e muitas vezes conflitantes. Pesquisas sobre Fala de mudança indicam sete tipos de linguagem automotivacional que pode ser usada para discernir as intenções dos outros, assim como as nossas. Nestes sete motivos, quatro tipos são falas preparatórias, ou seja, falas que dão início ao processo de mudança e três tipos são falas mobilizadoras de energia que empoderam a pessoa para realizar a mudança. Prestar atenção a essas formas de fala também pode ajudar a esclarecer alguns dos enigmas da ambivalência.
Por que chamá-la de linguagem automotivacional? Porque ela não apenas reflete, mas também ajuda a criar e fortalecer as motivações. Você aprende sobre o que o motiva da mesma forma que outras pessoas: ouvindo-se falar. No diálogo silencioso de pensar ou escrever, e ainda mais ao falar em voz alta, você ouve, cria e reforça o que pensa. Você pode literalmente se convencer (ou não) de uma opinião e uma ação.
Fala de Mudança Preparatória
Um subtipo de mudança que expressa as motivações para a mudança sem comunicar ou insinuar intenção ou compromisso na realização que envolve: desejo, habilidade, razão e necessidade.
Esses quatro tipos de linguagem automotivacional – desejo, habilidade, razão e necessidade – muitas vezes se misturam. O mesmo tipo de diálogo pode ocorrer dentro de uma frase, argumentando a favor e contra uma mudança.
Exemplo: Eu adoro morar em São Paulo, mas também gostaria de morar no litoral.
Dois tipos diferentes de diálogo interno, como capacidade e desejo, podem ocorrer na mesma frase em lados opostos do debate interno de alguém:
Eu poderia sair de São Paulo, mas não quero.
Eu quero morar no litoral (desejo), mas tenho que pensar na minha carreira (necessidade). Eu poderia encontrar outro emprego no litoral (capacidade), mas estaria perdendo uma excelente oportunidade em São Paulo (razão).
Esse é o tipo de discussão que ocorre quando se luta contra a ambivalência. Algumas pessoas preferem fazer a maior parte ou todo o trabalho internamente, conversando consigo mesmas (Tribunal interno de Justiça), e algumas preferem conversar em voz alta com outras pessoas, mas as formas de linguagem são as mesmas.
Ao considerar apenas as próprias palavras encontramos informações tão ricas contidas na fala.
Atenção: Tom de voz, pausas, expressões faciais e gestos enriquecem ainda mais (e às vezes desmentem) o que está sendo dito.
Referência:
Pensando melhor… Como a ambivalência molda sua vida. Miller, W. Porto Alegre: Artmed, 2024.