A EM surgiu a partir de experiências clínicas com dependentes de álcool e atualmente sua eficácia é consagrada para o beber problemático e outras dependências químicas, bem como no tratamento de doenças como hipertensão, diabetes, comorbidades psiquiátricas e transtornos alimentares.
A EM, também conhecida como motivational enhancement therapy (MET), foi desenhada para ser uma intervenção breve em intensidade e duração. É mais vantajosa quando aplicada em ambientes com grande demanda de atendimento e pouca disponibilidade de tempo e profissionais. Três importantes revisões examinaram a eficácia das intervenções breves baseadas nos princípios da EM e concluíram que a EM breve é eficaz para vários problemas comportamentais relacionados ao uso de substâncias como álcool, maconha e opiáceos; é eficaz quando usada na intensificação de outros tratamentos de abuso de substância, funcionando melhor para o beber problemático e tratamentos intensivos do consumo de substâncias, não tendo o efeito da EM diminuído ao longo do tempo, e é mais eficaz do que o não tratamento e tão eficaz quanto qualquer outro tratamento ativo cientificamente reconhecido para o uso de álcool, outras drogas e dieta/exercício.
Na primeira revisão metanalítica sobre a eficácia da EM breve exclusivamente para problemas relacionados com o álcool, Vasilaki et al. compararam 15 ensaios clínicos randomizados para medir sua eficácia comparando-a ao não tratamento e também a tratamentos semelhantes. Nessa revisão metanalítica, as pesquisas que compararam a EM breve de duração média de 87min com a ausência de tratamento tiveram resultados estatísticos significativos e superiores a favor da EM breve na redução do consumo do álcool em usuários nocivos em avaliação de curto prazo (três meses ou menos). As pesquisas que compararam a EM breve de 53 min com outros tratamentos semelhantes comprovaram que a primeira é mais eficaz do que qualquer outro tipo de intervenção (terapia cognitivo-comportamental, aconselhamento diretivo-confrontativo, aconselhamento baseado em habilidades, intervenção educacional). Esse estudo também chegou à conclusão de que a EM breve é eficaz tanto para pacientes que procuram tratamento quanto para aqueles que não procuram. Ao comparar-se um grupo com o outro, a EM breve se mostrou mais eficaz quando aplicada a usuários nocivos do álcool ou com baixa dependência que procuram pelo tratamento.
A EM tem se mostrado uma intervenção efetiva para reduzir o consumo do álcool e aumentar a motivação para a mudança do padrão de beber, bem como aumentar a procura e a adesão de usuários de álcool a um tratamento formal e especializado para a dependência alcoólica. É uma intervenção de baixo custo e facilmente aplicável em qualquer ambiente de saúde ou na comunidade.
Por outro lado, outros estudos apontam que a integração da EM com outras abordagens como, por exemplo a TCC, vem sendo evidenciada tanto nos estudos, quanto na prática clínica. Pacientes graves, ou com danos cognitivos significativos, podem não responder bem à EM pura; contudo, ainda assim espera-se que o profissional tenha uma postura motivacional, aliada a intervenções mais diretivas e comportamentais. Vale ressaltar ainda que outro estudo recente de metanálise evidencia que a EM mostra-se equivalente a outros tratamentos; superior a ausência de tratamento; apresenta uma associação positiva com menor tempo dispendido, bem como sua eficácia (Lundahl et al., 2010) .
Referencias:
BURKE, B. L.; ARKOWITZ, H.; MENCHOLA, M. The efficacy of motivational interviewing: a meta-analysis of controlled clinical trials. Journal of Consulting and Clinical Psychology., v. 71, n. 5, p. 843-861, 2003.
BURKE, B. L.; ARKOWITZ, H.; MENCHOLA, M. The efficacy of motivational interviewing: a meta-analysis of controlled clinical trials. J. Cons. Clin. Psych., v. 71,p. 784-861, 2003.
LUNDAHL, B. W., KUNZ, C., BROWNELL, C.; TOLLEFSON, D.; BURKE, A. A meta-analysis of motivational interviewing: twenty-five years of empirical studies. Research on Social Work Practice, v. 20, n. 2, p. 137-160, 2010.
NOONAN, W. C.; MOYERS, T. B. Motivational interviewing: a review. J. Subst. Misuse, v. 2, p. 8-16, 1997.
Vasilaki, EI; Hosier, SG; Cox, WM. The efficacy of motivational interviewing as a brief intervention for excessive drinking: a meta-analytic review. Alcohol Alcohol. 2006 May-Jun;41(3):328-35. Epub 2006 Mar 17.