Dra. Neliana Buzi Figlie

Algumas das escolhas mais importantes da vida são feitas em meio à ambivalência. Ser mais consciente de sua própria ambivalência é um caminho para se conhecer melhor e ser mais intencional na maneira como você responde a ela.

A ambivalência é inerente à natureza humana e, define nossa humanidade. É a nossa experiência diária comum ter pensamentos e sentimentos inconsistentes.

O termo ambivalência combinou o latim ambi (que significa “dois” ou “ambos”) e o alemão valenz, conotando poder: dois motivos potentes de força semelhante.

O que nem sempre damos atenção é que a ambivalência pode ser boa. Scott Fitzgerald observou que “a marca de uma inteligência de primeira ordem é a capacidade de ter duas ideias opostas presentes no espírito ao mesmo tempo e nem por isso deixar de funcionar.”.

As pessoas que experimentam maior ambivalência emocional:

  • estavam mais bem-informadas;
  • liam as emoções de outras pessoas com mais precisão;
  • eram mais criativas, percebendo associações e possibilidades incomuns;
  • ofereciam avaliações justas e equilibradas, e faziam julgamentos mais precisos;
  • estavam abertas a novas informações e perspectivas, e experimentavam maior excitação e desejo sexual;
  • estavam menos inclinadas a tomar decisões e fazer compras impulsivas.

Mas tentação, procrastinação, adição e mudança estão entre as muitas faces da ambivalência.

A ambivalência é, na verdade, um processo de avaliação, que compara os aspectos positivos e os negativos relativos às escolhas possíveis. Consciente disso ou não, tal avaliação está constantemente acontecendo nos bastidores da vida. É o que orienta suas decisões e suas ações.

A avaliação é um processo complexo. Frequentemente, as questões relacionadas a valores são colocadas em um modo de pensar binário, em preto e branco:

Você quer ou não?

Você para ou continua?

As pessoas podem simultaneamente manter crenças conflitantes ou ter sentimentos mistos de amor e ódio. A mente e o coração podem entrar em conflito: apoiar, mas não gostar ou discordar e ainda amar

A ambivalência é complicada! Você pode amar e odiar, querer ir e querer ficar, sentir alegria e tristeza. O rico mundo interior de um ser humano é muito mais complexo do que preto e branco. As pressões sociais podem nos persuadir a tomar partido, e a ambivalência pode ser desconfortável, mas é normal e nos acompanha todos os dias.

A mudança é constante e inevitável, colocando a escolha de resistir versus aceitar e abraçar o novo.

Referência:

Pensando melhor… Como a ambivalência molda sua vida. Miller, W. Porto Alegre: Artmed, 2024.

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