Resiliência em famílias com problemas relacionados ao abuso de substâncias
Roberta Payá, Sandra Pillon, Neliana Buzi Figlie
Obter informações sobre as funções e características das famílias com problemas relacionados ao abuso de substâncias contribui para explorar possíveis estratégias para fortalecimento e modificação de comportamentos de risco. Investigar a resiliência familiar não só facilita uma ampla compreensão do sistema familiar, mas também sublinha a necessidade de incluir ferramentas específicas para desenvolver atributos familiares desejáveis no campo da clínica e intervenções comunitárias.
O Index of Re-generativity and Adaptation-General (FIRA-G) foi desenvolvido para investigar as dimensões do funcionamento familiar, incluindo a resiliência. Este estudo avaliou a confiabilidade da FIRA-G em um estudo caso-controle de 305 famílias de São Paulo com e sem familiares com problemas relacionados ao abuso de bebidas alcoólicas e drogas, comparados com famílias que não possuem problemas relacionados ao abuso dessas substancias (grupo controle).
A resiliência foi avaliada utilizando os sete índices da FIRA-G, sendo que foram encontradas diferenças significativas na comparação entre os grupos em 4 índices: Tensões Familiares (t = 24,4; p <.000), Resiliência Total (t = 12,7; p <.0001), Robustez Familiar (t = 13,2; p <.000) e Angustia Familiar ( T = 50,5; p <.000). Para todos, exceto o índice Robustez Familiar, as médias dos grupos com familiares com problemas relacionados ao uso de substancias foram maiores do que as do grupo controle. Para o índice Tensões Familiares, as médias para os grupos de filhos cujos pais eram alcoólatras (M = 14,7; SD = 10,3) ou dependentes de drogas (M = 13,3; DP = 7,9) eram semelhantes e ambos eram maiores do que grupo de controle (p <.000). O grupo de familiares com problemas relacionados ao uso de substancias teve a pontuação média mais alta (p <.000) no índice de Robustez Familiar (M = 16,4; SD = 8,7), seguido do grupo de familiares com problemas relacionados ao uso de álcool (M = 15; SD = 8,3). No índice de Angustia familiar, o grupo controle apresentou a média mais alta (M = 43,6; SD = 7,8), seguido do álcool (M = 41; SD = 8,7) e do grupo de drogas (M = 35,7; SD = 10,4).
A diferença no Índice Total de Resiliência evidenciou que o grupo de controle (M = 20,8; SD = 11,8) apresentou menor condição de resiliência do que o grupo com familiares de dependentes de álcool (M =29,6; SD = 16). Não foram encontradas outras diferenças entre os grupos nos outros índices. Embora não houvesse diferenças significativas no Índice de Apoio Social (t = 0,52; p = 0,837), o grupo de drogas (M = 63,2; SD = 10,4) apresentou menor suporte social em comparação com o álcool (M = 64,2; SD = 9,7) e grupo de controle (M = 64,7; SD = 8).
Estudos adicionais devem ser realizados para avaliar amostras vivendo em diferentes condições sociais
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